Infantis B 2003/04 - Pedro 1.º da direita na fila em baixo
Pedro Gonçalves foi daqueles jogadores que me encheram as medidas no escalão de Infantis. Coloquei-o a jogar em várias posições, essencialmente como recurso para resolver alguns jogos. Mas o meu principal objectivo era fazer crescer um central porque reunia todas as condições. Curiosamente, o ponto mais fraco era o jogo de cabeça, fundamental para a posição. Nada que não pudesse ser corrigido, considerando a globalidade dos requisitos que oferecia.
Quando entrava em jogo, era como se fosse ele e o resto. Uma auto-confiança do tamanho do mundo. Queria fazer tudo, e o meu maior problema não era corrigir erros defensivos, mas refrear os ímpetos de quem se sentia capaz de estar em todo o lado. Jogava em qualquer lugar com a eficácia dos destemidos, mas eu estava ali para disciplinar o seu jogo, rendibilizar as suas melhores qualidades e manter o equilíbrio da equipa.
Lembro-me que, em Monchique, a certa altura do jogo, virou-se para mim e disse: Também vou marcar um golo, Mister! Pouco tempo depois, arrancou da nossa área, passou por quem lhe aparecesse pela frente e á entrada da área adversária rematou para o golo. Fiquei a olhar para ele sem saber o que dizer e ele, com um sorriso maroto, foi dizendo: Eu não disse, Mister!?.
Nas Épocas 2003/04 e 2004/05, encontrei uma nova geração, ou fornada como se dizia, de infantis. No primeiro ano reunimos jogadores como: João Vitorino, Ravel Carvalho, Vítor Rodrigues, João Rodrigues (ainda escola), Rudi Pereira, André Custódio, Tiago Silva, Pedro Gonçalves, Ruben Marcelo, Diogo Andrade (ainda escola), Ricardo Veloso, João Grelha, Nasser Larbi, Bernardo Madeira, Nicolau Cardoso, Fábio Rosário, João Jóia, Frederico Zanatti, Rui Viegas…
No segundo ano, o Diogo Andrade e o João Rodrigues regressaram ao seu escalão (Com pena minha) e, por sua vez, entraram para o grupo: Zé Azevedo e Ivo Moreno (jogaram nos infantis da época anterior e mantiveram-se no escalão) e ainda o André Vina (Pechão) e o André Afonso (Captação).
Pedro que recordações tens destas épocas nos Infantis?
“Claro que as recordações que tenho dos infantis são das melhores, foi quando tudo começou e vivi sempre os momentos com grande intensidade. Foi, sem dúvida, um dos melhores períodos tanto a nível competitivo, como de grupo. Formamos um grupo de trabalho muito unido que só queria divertir-se com o futebol, mas, no entanto, quando era para trabalhar, trabalhávamos sempre a sério e viu-se pelo campeonato que fizemos logo no 1.º ano de infantis.”
Sobre Pedro Gonçalves escrevi no final da época 2003/04: Proveniente das Escolas. Para resumir, um dos melhores centrais com quem trabalhei. Inteligência, maturidade, personalidade e muito futebol. Um valor seguro.
“Fui para os infantis e comecei a jogar a central, sentia-me muito á vontade, mas gostava sempre de subir e queria era rematar e fazer golos. Foi aí que me afirmei como central e foi aí que evolui bastante com a ajuda do mister que me ensinou muito.
Foram 2 anos de muita alegria mas também de momentos menos bons. No primeiro jogo que fiz pelos infantis fui nomeado como capitão, fiquei bastante surpreendido pela escolha porque não me via com esse estatuto.”
E abrimos logo com uma vitória de 7-1 contra o Olhanense. Lembro-me que a equipa estava disponível para jogar em planos ofensivos, mas depois escorregou uma série de jogos e tivemos que corrigir. A partir daí, sim! Foi sempre a somar. Que jogos em Vila Real Sto António (Pedro, o terrível) e em Olhão (grande golo do Grelha).
“O campeonato foi bastante difícil e renhido pois defrontávamos sempre boas equipas e eram sempre jogos complicados. Mas nunca me irei esquecer dum jogo em especial contra o S. Luís, na Neves Júnior, em que marquei 4 golos, foi uma sensação incrível. Foi um campeonato muito bom em que ficamos em 4.º lugar mas com boas perspectivas para o segundo ano de infantis.”
Recordo que nos Infantis B sempre se encontravam equipas misturadas com A’s e B’s, mas no segundo ano todos estariam em pé de igualdade.
“Mas tivemos que jogar na 2.ª divisão distrital porque os infantis do ano anterior tinham descido de divisão.”
Sobre Pedro Gonçalves escrevi no final da época 2004/05: "Elemento de futebol prático e objectivo. Características defensivas, velocidade de recuperação, iniciativa de jogo, frieza nas actuações, versatilidade. Egocêntrico e pouco emocional. Bons níveis de resistência e força. Bom remate em potência e colocação e rapidez de execução. Jogador nuclear com influência colectiva. Utilizado como Central, Distribuidor e Avançado. Elemento importante na recuperação e transição de jogo, bem como nos desequilíbrios ofensivos."
“O segundo ano de infantis foi mais fácil, pois o campeonato era praticamente feito por 3 equipas: o Farense, o Lagoa e os Armacenenses. Um campeonato de muitas goleadas, em que o objectivo era a subida e lutamos sempre por isso, até que tivemos um jogo em que precisávamos de empatar para subir e tudo ficou decidido por um penalty falhado. Estávamos a perder por 1-0, falhei a grande penalidade, não empatamos e não conseguimos cumprir com o objectivo proposto. Foi dos piores momentos, passei de herói a vilão, mas é com os erros que se aprende e com isso nos tornamos mais fortes.”
Não vejo assim, só falhaste porque foste o escolhido para marcar a grande penalidade e ainda atiraste uma bola á barra. Falhamos todos e principalmente eu porque não consegui descobrir o melhor caminho. Ainda hoje não compreendo como perdemos aquele jogo. Foi um massacre e com tantos avançados ninguém conseguiu meter a bola lá dentro. Bem! o GR deles era bem grande, quando não defendia, a bola batia nele. Foi só um jogo maldito… para recordar.
Depois dos Infantis a passagem para os iniciados na época 2005/06…
“A passagem para os iniciados foi uma mudança muito radical, pois passamos para o campo de onze e até então nunca tinha jogado num campo desses. Foi complicado, pois não me adaptei como esperava e por isso não agarrei o meu lugar e também era difícil porque era o meu primeiro ano como iniciado. Nesta fase torna-se muito difícil jogar, ou se agarra a oportunidade que se tem ou então tem de se continuar a trabalhar para conquistar um lugar.
No segundo ano (2006/07), o meu primeiro ano de nacional, cimentei o meu lugar e trabalhei para evoluir mas fomos uma equipa que era capaz do tudo e do nada e por isso acabamos por descer de divisão nesse ano.”
Chegamos ás épocas de 2007/08 e 2008/09 nos Juvenis…
“Nos juvenis já foi diferente, já estava mais preparado e nesse ano consegui jogar com regularidade logo no primeiro ano. Tive a minha oportunidade e agarrei, a partir daí foi trabalhar para não a perder o lugar e continuar a evoluir.”
Na Época 2009/10 chegas aos juniores, o estágio final da formação…
“Nos juniores foi sem dúvida o melhor ano. Começou muito mal é verdade, pois sabia que iria ser difícil ficar e estive para ser dispensado, mas mais uma vez houve mudança de treinador e essa mudança até foi boa para mim, pois consegui ficar. Passado algum tempo, houve nova mudança de treinador e desde então ele apostou em mim e consegui fazer quase o campeonato todo a titular. Foi sem dúvida o melhor campeonato.”
Quanto a estudos?
“Quero acabar o 12.º e tentar a Universidade no próximo ano lectivo.”
Tantos anos de formação, falemos de treinadores…
“Nunca tive problemas com os treinadores que apanhei ao longo destes 6 anos que já levo no Farense no futebol de onze, sempre consegui a confiança deles.”
…E quanto ao Clube SC Farense…
“Todos sabem a situação do clube, não é fácil, mas todos acreditamos na mudança e aos poucos o Farense vai crescendo e ainda vamos voltar a ver o clube nos grandes palcos.”
Agora estás no segundo ano de juniores do SC Farense e a época não está a correr muito bem…
“Este ano não está nada fácil, começamos mal e cada vez estamos pior. Já houve mudança de treinador e isso tudo influencia a equipa, mas é verdade que não justifica tudo. Quero continuar a trabalhar e estamos a trabalhar para melhorar e dar a volta.”
Bom! Depois da entrevista já conseguiram 7 pontos nos últimos 3 jogos. Alguma coisa está a melhorar.
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Quanto a sonhos e projectos para o futuro…
“Quero continuar a trabalhar para ver se consigo para o ano um lugar na equipa sénior e também para ver se consigo entrar para a Universidade.”
Obrigado Pedro por este momento. Treina como jogas, joga como treinas. Nenhum momento é melhor do que quando se atinge os objectivos, sejam eles quais forem.
“Obrigado por tudo, mister, foi sem dúvida o melhor!”
ETaylor