14/05/10

2009/2010 - INFANTIS A

Escolhi esta fotografia porque simboliza a época. Corremos sempre atrás de uma bola e de uma oportunidade para atingir objectivos de vitória, sem a conseguir alcançar.


Para esta época, estava previsto que o plantel de Infantis B da época anterior desse continuidade ao trabalho realizado e disputasse a primeira divisão de Infantis A, com justificadas expectativas, apesar do percurso intermitente no seu campeonato. Uma nova Direcção e um novo projecto prometiam a recuperação efectiva do escalão e um investimento seguro na formação.

Acontece que o arrastar de conflitos mal resolvidos, desmantelaram quase por completo um plantel que evoluía desde as escolas. Num lapso de tempo, em que muito há por explicar, nomeadamente o que se podia ter feito e o que se podia ter impedido, o escalão ficou dizimado e reduzido a escassos resistentes. Impressionante, o facto de uma equipa técnica ter conseguido destruir décadas de trabalho, num clube centenário. Sem jogadores e com vontades condicionadas, a primeira opção da Direcção foi extinguir o escalão e terminar com preocupações. A via mais fácil para resolver um problema que não residia nas prioridades.

De um momento para o outro, sem treinadores e sem jogadores, a Direcção resolve inscrever a equipa de infantis no campeonato. É nesta altura, que sou contactado por Carlos Suzana para orientar o escalão, pelo menos por uma época. Acontece que, sendo eu um dos maiores críticos pela extinção do escalão, tendo manifestado publicamente o meu desacordo, não poderia recusar ao “chamamento” de fazer sobreviver o escalão que tanto defendi. Foi uma questão de princípio e de defesa de uma causa, mesmo sabendo das dificuldades. Nestas coisas, acreditamos sempre que somos capazes de atingir os impossíveis.

Assim, conseguimos reunir um grupo de praticantes, maioritariamente de primeiro ano e com pouca escola, ao nível de uma competição de escolas A, para enfrentar um campeonato de Infantis A. Há diferenças que se podem reduzir, mas que nunca se podem ultrapassar. No fundo, foi este o cenário que tivemos de enfrentar.

Sinceramente, após o primeiro treino, ficou claro que com o desenrolar da competição iríamos registar um elevado número de abandonos, porque a equipa não estava preparada para uma competição de primeiro nível regional. Mesmo assim, acreditamos que no final da época alguns resultados seriam obtidos.

Desportivamente, esta foi a época menos conseguida do escalão. Os números confirmam uma perfeita nulidade. Reconhecendo limitações evidentes em termos colectivos, procuramos rendibilizar a evolução individual e com isso atingir o objectivo maior da formação. Mas é difícil consolidar a evolução individual sem resultados colectivos. Objectivamente, tentamos estimular os praticantes resistentes para o cumprimento das várias etapas do seu crescimento. De facto, para aqueles que cumpriram o seu primeiro ciclo de competição, esta experiência foi muito positiva.

Uma nota de insatisfação para com o clube. Em época de centenário do SC Farense, o escalão de infantis foi o único escalão que não foi convidado para as comemorações. Para além de indelicado, foi uma falta de respeito para com aqueles que, independentemente de tudo o resto, se apresentaram para representar as cores do clube quando não havia mais ninguém.

Faço registo, porque mais importante, dos elementos que fizeram parte desta campanha:

Igor José (Guarda-redes com aptidões e vocação para o lugar, prejudicado pela estrutura física que reduz elasticidade, mas que o crescimento transformará. Melhor entre postes que fora deles. Resolveu questões emocionais na abordagem de dificuldades e tem condições para evoluir… bastante. Precisa de trabalhar a defesa destra. Foi um dos resistentes.)

João Suzana (Guarda-redes de primeiro ano que descobriu o lugar e está apostado em evoluir. Corrigiu receios ao choque e abordagem, melhorou tecnicamente, mas falta escola e tempo para se descobrir numa posição de características especiais. Falhou demasiados treinos na fase final da temporada para consolidar a sua evolução e confiança. Foi um dos resistentes.)

Ruben Rachadinho (Utilizado como central, médio defensivo e de distribuição/construção. Um praticante que se recusa a ser um jogador de futebol. Tomara que tivesse em espírito de sacrifício, capacidade de sofrimento, de superação, fôlego e competitividade o que tem na cabeça e nos pés para jogar… á bola. Um elemento a considerar no futuro quando resolver ser competitivo, porque consegue desempenhar múltiplas funções. Foi um dos resistentes.)

Yuri Peres (Utilizado como médio de distribuição/construção e como avançado. Um praticante com potencialidades técnicas que insistiu em desviar as utilidades. Quando conseguir disciplinar comportamentos, quando conseguir disciplinar os seus recursos técnicos, quando objectivar as suas acções de jogo, quando quiser trabalhar as suas potencialidades, quando quiser apostar nas suas faculdades, confirmará de certeza um jogador de futebol, até lá… Foi um dos resistentes, apesar de ter estado muito tempo fora por comportamento inadequado.)

Isaac Mendes (Utilizado como central e lateral direito. Um miúdo de primeiro ano que não conseguiu disfarçar dificuldades de adaptação. Na mesma proporção, foi aquele que mais se empenhou e o que mais evoluiu. Disciplinado e aplicado, foi descobrindo com as dificuldades da posição e da competição, as formas adequadas de correcção e adaptação. Exigir mais era impossível. Com a mesma aplicação, o crescimento vem naturalmente com o tempo. Foi um dos resistentes.)

Ruben Seixas (Utilizado como lateral esquerdo, mesmo sendo destro. Sobejou em aplicação, atitude e entrega o que faltou em termos de qualidade técnica. É um praticante de primeiro ano que precisa de trabalhar pormenores técnicos, controlar ansiedades e dosear esforços. No fundo, precisa de tempo e oportunidades para corrigir deficiências técnicas e potenciar as suas melhores qualidades. Tem todo o tempo para crescer. Foi um dos resistentes.)

Vítor Amaro (Utilizado como avançado, médio direito, lateral, para além de outras opções de recurso. Potencialidades como extremo direito. Praticante com dificuldades de consistência e regularidade. Precisa corrigir níveis de concentração, competitividade e jogo colectivo. Carências físicas por falta de aplicação e por falta de competitividade interna. Tem tudo para evoluir se não arranjar desculpas. Foi um dos resistentes.)

João Rosa (Utilizado como avançado e extremo. Em termos atléticos foi o praticante de primeiro ano mais condicionado pela exigência da competição. Não estava, nem podia estar, preparado para os níveis competitivos da primeira divisão. Com argumentos técnicos, mas sem capacidade competitiva e atlética, dificilmente poderia ter feito melhor. Mesmo assim, precisa de rever processos e aplicação no seu desenvolvimento. Sem capacidade de sofrimento não se ultrapassam barreiras ou diferenças. Foi um dos resistentes.)

Jorge Cadillon (Utilizado em várias posições, apesar de eleger como preferidas posições ofensivas. É um praticante de primeiro ano que ainda se está a descobrir e ainda sem aptidões definidas. Podia ter evoluído de forma mais consistente, caso tivesse tido maior regularidade na presença aos treinos. Precisa de assumir os erros para os poder corrigir e tem todo o tempo do mundo para crescer. Tem potencialidades para evoluir de forma segura, desde que se aplique em conformidade. Foi um dos resistentes.)

Diogo “Didi” Vargues (Utilizado como avançado e em múltiplas funções. Um praticante que chegou no final do ano, a meio da época, para ajudar. Elemento de aplicação absoluta que disfarçou recursos técnicos e limitações atléticas. Poucos treinos e poucos jogos. Por ser verdade, direi que se todos os elementos do plantel tivessem a mesma capacidade de aplicação e disciplina de jogo, colectivamente os resultados seriam diferentes. Foi um dos resistentes.)

Carlos Costa (Utilizado como médio de distribuição/construção. Um praticante que obteve relevância no grupo, considerando os níveis técnicos e de liderança. Da mesma forma, o mais inconformado com a incapacidade colectiva, preferindo abandonar o grupo que lhe poderia oferecer o melhor estágio de progressão, optando pelo escalão de iniciados B.)

Miguel Bagarrão (Utilizado como avançado. Praticante de primeiro ano com dificuldades de mobilidade e limitações técnicas que conseguiu disfarçar com a generosidade do empenho e com a aplicação. Com o tempo de trabalho conseguimos detectar evolução, nomeadamente quando conseguiu dosear esforços e definir a objectividade dos seus recursos. De um momento para o outro, alterou comportamentos, desistiu de evoluir e desistiu da equipa.)

João Domingos (Utilizado como lateral esquerdo. Praticante esquerdino com técnica apreciável, potencialidades evidentes, mas sem qualquer interesse em investir no futebol e nas suas capacidades. Fiz tudo para o resgatar para o futebol, ele fez tudo para se desviar do futebol. Poucos jogos e poucos treinos. Tenho pena, porque mesmo não fazendo a diferença, podia ter crescido como praticante de futuro.)

Carlos Santos (Utilizado como avançado e múltiplas funções. Praticante de primeiro ano, elemento franzino, fisicamente frágil para uma competição deste nível de exigência, mas com carácter competitivo e recursos técnicos. Considerou sempre que o futebol era uma espécie de fuga ou refúgio, nunca como uma via de evolução para projectos futuros. Os projectos não se definem nestas idades e preferiu desistir de perder consecutivamente.)

Diogo Belela (Utilizado como lateral e outras funções defensivas. Elemento com limitações técnicas mas de entrega absoluta. Cheguei a acreditar que podia rendibilizar as suas capacidades e ajudar a crescer o seu futebol. No entanto, esteve sempre demasiado ausente nos treinos e nos jogos, até deixar de aparecer.)


Recordo ainda elementos que estiveram com o grupo, mas que não puderam ser inscritos: Hendrick Rosental (Primeiro ano) Iraíldo Júnior (com potencial, mas com problemas de inscrição por ser brasileiro), Leandro Coelho (Primeiro ano e muito potencial), João Ludgero (proveniente da Academia do Sporting Algarve, sem possibilidade de inscrição), Hélio (proveniente da Academia do Sporting Algarve, sem possibilidade de inscrição), Gonçalo (proveniente da Geração de Génios, sem possibilidade de inscrição), Gonçalo Martins (proveniente da Geração de Génios, sem possibilidade de inscrição)…

ETaylor

3 comentários:

Anónimo disse...

Sr. Taylor

Da MINHA parte só lhe posso agradecer a sua confiança em mim...
Como era de seu conhecimento os infantis não eram de minha responsabilidade , mas tentei , como qualquer outro dos escalões que não me pertenciam interceder , e auxiliar , da melhor forma.
Em relação ao Centenario, digo-lhe o seguinte :
- eu na altura ja tinha "abandonado" a direcção, e quando me apercebi que os infantis não faziam parte do programa de "festas", liguei ao si (( se recorda?) a perguntar se lhe tinha dito algo...'???? ao qual o Sr. disse que ninguem lhe tinha dito NADA... Apos isso liguei a (ex)colegas a perguntar o porque dessa situação dos infantis, ao qual NÃO recebi uma UNICA resposta objectiva , passando todos a responsabilidade para o presidente... DEmontrei a todos eles a minha indignação de tal coisa , acontecer. Mas nada foi feito ou alterado !!
Lamentavelmente essa situação, como TANTAS outras, é mais outra que eu NÃO ACEITO !!! Mas isso são outras "aguas"...
Abraço e boa sorte
Carlos Susana

Emídio Taylor disse...

Caro Suzana

Lamento dizer isto, mas a ideia com que fiquei é que os infantis 2009/10 do SC Farense foram sempre uma pedra no sapato para a Direcção, considerando as prioridades. Isto apesar do empenho do clube através do Suzana, do Mendes e do Encarnação em assegurar as condições indispensáveis.
Sobre o centenário fiquei magoado pelo presente e pelo passado do escalão e pela memória daqueles que "nasceram" nos infantis e muito contribuiram para o histórico dos escalões seguintes.
Mas é passado e o futuro é que conta.

Abraço
ETaylor

Anónimo disse...

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