12/10/10

RECORDAR COM RICARDO PEREIRA

Sobre Ricardo Pereira escrevi e coloquei em relatório de final da época 2001/02 dos infantis: Aposta pessoal na posição de trinco. Elemento esquerdino tecnicamente evoluído, falso lento com sentido posicional e disciplinado tacticamente. Bom recuperador de bolas, supera flutuações físicas com determinação e empenho. Segurança no passe curto, capacidade no passe médio/longo.

2001/02. Uma equipa fantástica de infantis A. Jorge Leitão, Tiago Moreno, Diogo Santos, David Pirralho, Ricardo Pereira, Francisco Maia, Luís Girou, Pedro Chanfana, Tiago Cardoso…
As recordações que tenho dos infantis do Farense são as melhores. São tempos que vou recordar para sempre: O grupo de trabalho, os misteres Vítor e Emídio e uma excelente equipa. Um grupo 5 estrelas em que nos dávamos todos bem e que até hoje continuamos com a mesma amizade que tínhamos nessa altura.”

Vítor Mosca foi o técnico que iniciou a época e deparou-se com dificuldades inesperadas, nomeadamente com iniciação tardia de preparação para o campeonato, ausência de jogadores fundamentais, algumas dores de crescimento e entrada precoce em competição. Com tudo isso, a equipa iniciou muito mal a época. Entretanto, ainda antes de terminar a 1.ª volta, Vítor Mosca teve de afastar-se por motivos profissionais e a Direcção do Farense solicitou que eu estendesse o meu contributo a esta equipa, já que era responsável pelos Infantis B.
A partir daí fizemos 15 jogos consecutivos sem perder. Em fase de recuperação, a equipa conseguiu um 2.º lugar (Entre 12 equipas) e convém registar que na 2.ª volta não perdeu qualquer jogo, cedendo apenas 2 empates.
Na segunda volta dos infantis não demos hipóteses a ninguém. Ninguém nos parava.” O Campeão desse ano foi o Lusitano de VRSA, onde jogava o Conduto, e na segunda volta vencemos por 3-0.

Outra nota importante. Em 2003, confirmou-se o convite de participar no torneio em Espanha, o IV MACAEL CUP 2003. Tínhamos ganho o campeonato de Infantis A, 2002/03, e este seria o culminar de uma época extraordinária. Como responsável dos Infantis A, conhecedor da competição (destinada a iniciados de 1.º ano) e anterior treinador dos infantis A de 2001/02, que estiveram na edição anterior, decidi fazer uma selecção de valores para convocar e premiar todos. Convoquei:
Iniciados de 1.º Ano: (5) Luís Girou; Ricardo Pereira; Pedro Chanfana; David Pirralho e Tiago Cardoso. Tive pena do Francisco Maia e do Tiago Moreno estarem lesionados. O Diogo Santos estava no Sporting CP.
Infantis A: (7) David Farias; Pedro Eugénio; Luís Oliveira; Jorge Santos; João Fitas; André Uva e Álvaro Gomes.
Era uma “fornada” que faria história no futebol de formação do SC Farense. Foi um torneio extraordinário que terminou com uma derrota na final por 2-1, após prolongamento, frente ao Sevilha.
Estive duas vezes em Espanha no Torneio Macael, em ambas as vezes foi espectacular, mas no segundo ano fomos mais preparados e apenas falhou a final com o Sevilha. Era um grupo espectacular, o mister e dirigentes 5 estrelas como o Cartaxo e o Toni. Estes são momentos que nos marcam para a vida.” .
Lembro-me que antes do jogo da final, disse ao Cartaxo e ao Toni: “Se eles jogarem com 2 avançados ganhamos o jogo, o Oliveira e o Pereira arrumam a casa”. A teoria era simples e dependia da qualidade e experiência dos jogadores na alternância do sistema: Nós jogávamos sempre em 3-2-1, mas se eles aparecessem com um 3-1-2, nós alterávamos para 2-3-1, com o Oliveira e o Pereira no eixo defensivo, os laterais subidos e o resto a equipa sabia o que fazer. Acontece que nesse jogo da final o Pereira lesionou-se e não acabou o encontro, facto que nos obrigou a alterações no modelo.

Sempre reconheci no Pereira condições para jogar ao mais alto nível. Coloquei-o a jogar a trinco nos infantis porque considerei que essa seria a sua posição de qualidade quando se transferisse para o Futebol de 11. Apesar de ter um bom pé esquerdo para jogar em várias posições, as condições morfológicas e a velocidade eram condicionantes para o lugar de defesa esquerdo. A capacidade de recuperação de bolas, a amplitude que oferecia ao jogo, a estrutura física que já apresentava e a qualidade do passe curto e longo, faziam adivinhar um médio centro em potência e que o tempo se encarregaria de confirmar. Era uma espécie de Redondo.
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Quando passou para os iniciados, só no segundo ano recuperou o seu lugar.
A primeira época de iniciados é para esquecer. Jogava a defesa esquerdo e a época não correu muito bem. A minha melhor época foi nos iniciados de segundo ano, onde jogava quase sempre a médio centro. Acho que fiz uma grande temporada. Foi aí que depois fui contratado pelo FC Porto.”

Surge a oportunidade FC Porto, o sonho de representar um grande e cimentar aspirações:
A experiência no FC Porto foi fantástica, apesar de não ter jogado tantas vezes como queria e esperava. Valeu a experiência.”

O regresso ao berço, SC Farense:
No regresso ao SC Farense correu tudo bem. Fomos à segunda fase do Nacional de Juniores, mas depois apanhamos o Sporting e não conseguimos chegar à fase final.”

Que aconteceu no teu segundo ano de Juniores? Esperava-se que as gerações de 2001 e 2002 se voltassem a juntar para fazer novos registos históricos:
Em relação ao clube Farense, vou ser sempre do Farense o resto da vida. É o Clube do meu coração. Mesmo apesar de algumas coisas que me fizeram na minha segunda época de juniores. Queria ir para o Louletano porque era a última oportunidade que tinha para jogar na primeira divisão de juniores e fizeram tudo para isso não acontecer. O Louletano teve de pagar 5 mil euros para me libertarem. A partir daí, nunca mais ninguém do Farense me disse nada, nem se lembraram dos tempos que tive na formação do Farense, nem se lembraram que quando fui para o FC Porto, o Farense também ganhou com a transferência.”

Quanto a estudos? Fiquei pelo 9.º Ano!

Bom! Apostaste no futebol. Tanta experiência em tão pouco tempo, passaste por clubes, por treinadores, por dirigentes, que ensinamentos?
O Futebol também é uma escola. No Farense tive grandes treinadores como mister Emídio nos infantis, mister Tózé nos iniciados, o mister Pedro Moreira nos juniores. O mister José Guilherme no FC Porto, que foi até há pouco tempo o preparador físico da Selecção Nacional do tempo do Carlos Queiroz. E agora tenho no Ferreiras um excelente mister e uma grande pessoa que é o mister Ricardo.”

E chegamos aos seniores! Tiveste convites? Conta como foi:
Quando cheguei a sénior tive alguns convites, mas escolhi o FC Ferreiras, Clube 5 Estrelas, onde me mantenho até hoje. O FC Ferreiras foi o clube que me abriu as portas do futebol sénior, estou agradecido por tudo, nunca falhou com nada do que prometeu e tem pessoas que gostam muito do clube e acima de tudo muito competentes. Apesar de ter recebido propostas de outros clubes do Algarve, decidi continuar no Ferreiras, não só pelas excelentes condições que o clube oferece, mas também pelas pessoas que são fantásticas.”

Só por curiosidade, jogas em que posição? A médio-esquerdo!

Para terminar, quais são os teus sonhos e projectos?
"O meu sonho é ainda poder jogar na I Liga, apesar de eu saber que é muito difícil. Mas ainda sou novo e é natural que queira jogar num Clube de maior dimensão".
Ponto. Paragrafo. Ainda vamos ter muito Ricardo Pereira se ele for teimoso e perseverante nas conquistas. Para isso, é preciso “treinar como joga e jogar como treina”.
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Nota: Nas duas fotos, o Pereira é o 3.º a contar da esquerda, em cima. Na primeira foto o último jogo da época em Lagos. Na segunda foto, Macael 2003.
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ETaylor

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