22/01/11

OS HERÓIS DE 2004 (1)

Este é um blog vocacionado para o futebol infantil, especialmente para o futebol infantil do SC Farense. No entanto, estamos sempre abertos a excepções, nomeadamente quando, de forma directa ou indirecta, estejam associados os infantis do Farense.

A Época de 2003/04 dos iniciados do SC Farense, é um desses momentos. Não só porque foi um registo histórico para o Clube, mas também porque estiveram envolvidas duas gerações de infantis de valor comprovado.

Assim, vamos inaugurar a rubrica OS HERÓIS DE 2004, para recordar o percurso histórico e homenagear os intervenientes, em vários capítulos. No primeiro capítulo vamos abordar o início da época, no segundo capítulo vamos abordar a segunda fase do campeonato, no terceiro capítulo vamos falar da fase final e do primeiro jogo com o Boavista, no quarto capítulo vamos falar do jogo Farense vs FC Porto, no quinto capítulo vamos abordar o Sporting vs Farense, no sexto capítulo vamos comentar o Farense vs Boavista, no sétimo capítulo vamos falar do FC Porto vs Farense, no oitavo capítulo vamos falar do Farense vs Sporting.

Capítulo I
O inicio da época e primeira fase

Na época 2003/04, depois de uma anterior menos conseguida, o Prof. André Férin (responsável pelo futebol de formação do SCF) decidiu recrutar as capacidades de Tozé Pereira e Nuno Ramos para formarem a equipa técnica dos iniciados do SC Farense.

Esta equipa técnica conseguiu reunir e potenciar duas gerações provenientes dos escalões de infantis do SC Farense, a quem juntaram mais valias externas da sua confiança. Com isso, a constituição de um grupo forte e coeso que escreveu e eternizou a sua própria história.

Do plantel de Iniciados da época 2003/04, faziam parte: Bruno, David Farias, Ruben, Jorge Leitão, Álvaro Gomes, Barriga, João Cláudio “Batata”, Pedro Chanfana, Diogo Ildefonso, Duarte Pereira, Pedro Eugénio, João Fitas, Luís Girou, Hugo, Jorge Santos, Francisco Maia, Tiago Moreno, Nuno Alves, Luís Oliveira, David Pirralho, Ricardo Pereira, Tiago Cardoso, Tiago Oliveira, Anthony Ribeiro ”Tony”, Pedro Luís, André Uva .

Nota: A bold os jogadores com quem trabalhei nos Infantis

Para explicar o que se passou, nada melhor do que convidar os elementos da equipa técnica, Tozé Pereira e Nuno Ramos, para se pronunciarem sobre o assunto. Antes de mais, por onde anda esta equipa técnica? Sei que cada um tomou o seu caminho…

TOZÉ PEREIRA: “Na presente época, 2010/2011, encontro-me a trabalhar nos seniores da UD Messinense como treinador adjunto de Luís Dores. Desde que saí do SC Farense que trabalho com ele. Durante 4 anos no Almancilense e há dois na UD Messinense.”

NUNO RAMOS: “Na presente época, 2010/2011, desempenho o cargo de treinador e responsável pela equipa técnica da equipa sénior do Imortal DC. Posteriormente à época 2003/2004, estive mais 2 épocas nos iniciados e 1 nos juvenis do SC Farense, depois estive 3 épocas nos iniciados do Imortal DC.”

Vamos começar pelo princípio. Vocês estavam no FC S. Luís e foram convidados para treinar os iniciados do SC Farense pelo Professor Férin. Como se iniciou o processo e quais foram os objectivos traçados?

TOZÉ PEREIRA: “O convite surgiu de forma natural, com o Férin a abordar-me para saber se estaria interessado em treinar os iniciados do SC Farense. Coloquei-lhe as minhas condições e ele aceitou. Relativamente a objectivos, se bem me recordo foi-me pedido que passasse com a equipa à segunda fase.”

NUNO RAMOS: “O convite foi efectuado pelo prof. André Ferín ao prof. Tozé e este, por sua vez, convidou-me para trabalhar com ele. Ambos desenvolvíamos a nossa actividade no FC S. Luís, o Tozé nos iniciados e eu nos infantis. Posteriormente o prof. Pedro Roque também integrou a equipa técnica, sendo o responsável pelo treino dos Guarda-redes. Os objectivos traçados foram ambiciosos, sabíamos que a equipa tinha muito potencial, não só porque havia uma base de jogadores de 2.º ano que já tinham efectuado o Campeonato Nacional, assim como os atletas de 1.º ano que tinham sido campeões distritais, a esse grupo ainda conseguimos juntar mais 3 atletas oriundos do FC S. Luís, que vieram reforçar mais ainda um grupo que já era bom. Os objectivos passariam por disputar a passagem à 2.ª fase do campeonato nacional.

Bom, a estrutura estava montada: Um Dirigente responsável, Directores de grupo, Equipa Técnica qualificada e Jogadores de qualidade…

NUNO RAMOS: “Gostaria de salientar o papel fundamental que o Sr. João Carreira e o Sr. Sérgio Lima tiveram nesta época, porque nos permitiram desenvolver um trabalho coerente e sem preocupações, porque eles foram os treinadores “fora do campo”.

TOZE PEREIRA: “No início da época, se bem me recordo, houve um treino em que eu e o Nuno não tínhamos ficado contentes com o comportamento/empenho dos jogadores. No final do treino, sem nós termos pedido alguma coisa, estavam o Sr. João Carreira mais o Sérgio Lima a dar-lhes uma reprimenda, que só visto.

Arranca o Campeonato Nacional de Iniciados, Série F, tendo como adversários: Marítimo Olhanense (2-1/1-2), FC S. Luís (8-1/9-0), Esperança de Lagos (4-0/4-1), Louletano DC (2-1/2-0), Reguengos de Monsaraz (5-0/3-0), Imortal de Albufeira (2-1/4-0), Lusitano VRSA (2-2/4-0), Elvenses (4-0/1-0), Portimonense SC (3-0/0-0), Despertar de Beja (3-1/2-1) e Lusitano de Évora (7-0/2-0).

Nesta Série, o SC Farense acaba com 19 vitórias, 2 empates e 1 derrota e apuramento assegurado para a segunda fase. Uma limpeza! Só por curiosidade, foi o Marítimo Olhanense a única equipa a derrotar os heróis nesta fase.

Para completar o SC Farense marcou 74 golos e sofreu 11. David Pirralho (14 golos), Ricardo Pereira (14) e João Cláudio “Batata” (11), foram os melhores marcadores da equipa nesta fase. Isto numa equipa onde, Jorge Leitão, Pedro Eugénio, Luís Oliveira, Francisco Maia, Tiago Moreno, Luís Girou, Ricardo Pereira, Tony, Diogo Ildefonso, Nuno Alves, Pedro Chanfana, David Pirralho, João Cláudio “Batata” e Barriga, constituíam o núcleo duro da equipa.

NUNO RAMOS: “O Campeonato correu muito bem!

TOZE PEREIRA: “O campeonato correu muito bem, melhor do que esperávamos. No entanto, à medida que o mesmo ia decorrendo apercebemo-nos que não íamos ter dificuldades em passar à segunda fase. Era uma equipa técnica e fisicamente muito forte.
Pessoalmente, quero agradecer o facto de me terem dado a oportunidade de treinar uma equipa com tanta qualidade e de terem criado todas as condições para que o êxito fosse possível. Neste aspecto, agradeço ao André Férin, que foi a pessoa que me convidou, e aos grandes directores que foram o Sr. João Carreira e o Sérgio Lima, que foram duas peças muito importantes e inexcedíveis no seu trabalho. E claro, não me posso esquecer do Nuno Ramos e do Pedro Roque
.”


Considerando a época anterior, registou-se uma alteração acentuada. Um misto de jogadores de segundo ano, jogadores de primeiro ano, novos jogadores, nova equipa técnica, nova mentalidade, novos processos, afinal o que fez a diferença?

TOZE PEREIRA: “Aproveito para recordar uma situação que me marcou e penso que marcou o grupo, no sentido de verem como as coisas iriam funcionar no futuro. Houve um dia em que íamos treinar a Estói, tínhamos tudo preparado, com o autocarro marcado para nos ir buscar à Penha, já equipados, e naturalmente com horários a cumprir. O Maia e o Ricardo Pereira, dois jogadores que muito peso “social” dentro do grupo, já vinham atrasados e num passo muito lento a brincar, ora eu não achei muita piada e dei ordens para arrancarmos. Os “meninos” ficaram muito admirados com aquela situação e, se não me engano, até foram queixar-se aos directores porque não percebiam o porquê daquela atitude. Penso que foi um momento chave no sentido de perceberem as regras.
Aliás, na minha opinião, esse era o ponto-chave a ser trabalhado com aquela equipa, as atitudes, os comportamentos e o cumprimento das regras. Não bastava serem bons tecnicamente, tinham de ser mais competitivos, cumpridores, pensar mais no colectivo.


E resultou!

TOZE PEREIRA: “Ainda me lembro num jogo com o Imortal, em Albufeira, estávamos a perder 1-0 ao intervalo. O Maia tinha tido responsabilidades no golo e a equipa não estava a funcionar. Ao intervalo houve uma conversa, um tanto ao quanto dura, em termos emocionais. O Maia queria sair e havia gente quase a chorar. Foi-lhes dito que íamos dar a volta ao jogo, só dependia deles e quanto ao Maia…ia continuar em jogo e disse-lhe mesmo que ia marcar um golo. Ganhámos o jogo, não tenho a certeza, mas acho que o Maia fez um golo e no final do jogo veio direito a mim abraçar-me visivelmente emocionado.

Sim! O Maia e o João Cláudio “Batata” foram os marcadores dos golos, numa vitória por 2-1.

Terminada a primeira fase, eram crescentes as expectativas e as responsabilidades em relação ao patamar seguinte. O SC Farense tinha conseguido reunir condições e equipa para sonhar. Na segunda fase iria discutir o apuramento para a fase final do campeonato nacional de iniciados, com o Santa Clara (Açores), CF "Os Belenenses" e Naval 1.º de Maio. O sonho ali tão perto.

No próximo capítulo, vamos abordar a segunda fase.

ETaylor

2 comentários:

Nuno Alves disse...

Muito bom recordar estes grandes momentos! Grande espírito de equipa que nós tínhamos!

Para quando a 2ªparte?

Anónimo disse...

Em breve, muito breve.

ETaylor